quarta-feira, 20 de novembro de 2013

SOBRE CONSCIÊNCIAS, INCLUSIVE NEGRA


Novembro: mês dedicado à Consciência Negra... Você sabe que a palavra “consciência” significa “com ciência”, com conhecimento, com percepção? E o que seria um pré-conceito? Bastante resumidamente, é quando não se tem uma opinião formada, daí se faz um pré-julgamento, um conceito prévio. E quando se forma um conceito, quando temos nossa própria opinião, não há mais a necessidade de preconceitos, principalmente os discriminatórios.
“Consciência Negra”! Quero lembrar a necessidade de não só exercitar a reflexão para com diferentes etnias, mas também para outros tipos de pré-conceitos com relação todas as diferentes orientações que fogem à regra da conveniência social, sejam elas diferentes orientações sobre crença, sexualidade, profissão, enfim, pré-conceitos que (ainda infelizmente!) nos deparamos cotidianamente.
         Acreditando na importância de um cônscio pensar e sentir, que só pode acontecer quando nos despimos de pré-conceitos, relato aqui uma vivência quando trabalhava com crianças em Instituições nas periferias da grande São Paulo.
          Neste lugar, em específico, polícia não entrava na comunidade e aconteciam tiroteios com morte entre moradores, incluindo parentes e conhecidos daquelas crianças, quando times de futebol ganhavam e perdiam. E estávamos na época de jogos com etapas classificatórias...

“Lembrei-me certa vez, trabalhando temas relacionados à Arte e Cultura com crianças, eu vestia uma blusa verde e branca. Uma delas me perguntou:
- Prô, você é palmeirense, né?
Silêncio na turma, todos me olhavam: eu estava na periferia de São Paulo. E o assunto era futebol.
- Por que a pergunta? –Indaguei.
- A sua blusa! Se você torcesse pra outro time não tava com essa blusa!!!
Num golpe de sorte, aproveitei o “gancho” e acho que consegui fazê-lo pensar:
- E quem "nasceu” primeiro: a cor ou o seu time?
Após alguns segundos de caretas e reflexões, com auxílio dos amigos, veio uma titubeante resposta:
- Ai, prô, foi a cor... ela já tava aqui antes!
- Que bom! Eu já estava começando a achar que você pensava que toda árvore torcia para o Palmeiras e que toda noite escura era corinthiana.
- Ih, prô, é mesmo, não é assim não...
- Então posso vestir a cor que eu gostar sem precisar, necessariamente, torcer para o seu time. E você também pode.”

Depois deste episódio creio que comecei a entender um pouco mais sobre a violência das torcidas naquela comunidade. Mesmo tão novo, o garoto já estava habituado a olhar pelo viés da bandeira do seu time, sem considerar outros gostos e opiniões; aliando isto à intolerância, preconceitos e falta de diálogos... vêm os tiroteios.
Ademais, também comecei a considerar que em momentos de reivindicações e protestos, é importante pensarmos a respeito dos acontecimentos, e assim desenvolvermos nossa própria opinião enquanto indivíduo e cidadão de um país democrático.



Voltei a pensar na Natureza, sua interdependência e desenvolvimento com multiplicidades de cores, seres e saberes convivendo há milênios: ainda há muito o que aprender! E quanto mais cedo começarmos o resgate da nossa consciência e conceitos, tanto melhor. Para cada um de nós.



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