Novembro: mês dedicado
à Consciência Negra... Você sabe que a palavra “consciência” significa “com
ciência”, com conhecimento, com percepção? E o que seria um pré-conceito? Bastante
resumidamente, é quando não se tem uma opinião formada, daí se faz um
pré-julgamento, um conceito prévio. E quando se forma um conceito, quando temos
nossa própria opinião, não há mais a necessidade de preconceitos,
principalmente os discriminatórios.
“Consciência Negra”!
Quero lembrar a necessidade de não só exercitar a reflexão para com diferentes
etnias, mas também para outros tipos de pré-conceitos com relação todas as
diferentes orientações que fogem à regra da conveniência social, sejam elas
diferentes orientações sobre crença, sexualidade, profissão, enfim,
pré-conceitos que (ainda infelizmente!) nos deparamos cotidianamente.
Acreditando
na importância de um cônscio pensar e sentir, que só pode acontecer quando nos
despimos de pré-conceitos, relato aqui uma vivência quando trabalhava com
crianças em Instituições nas periferias da grande São Paulo.
Neste
lugar, em específico, polícia não entrava na comunidade e aconteciam tiroteios com
morte entre moradores, incluindo parentes e conhecidos daquelas crianças,
quando times de futebol ganhavam e perdiam. E estávamos na época de jogos com
etapas classificatórias...
“Lembrei-me
certa vez, trabalhando temas relacionados à Arte e Cultura com crianças, eu
vestia uma blusa verde e branca. Uma delas me perguntou:
- Prô, você é palmeirense, né?
Silêncio na turma, todos me olhavam: eu estava
na periferia de São Paulo. E o assunto era futebol.
- Por que a
pergunta? –Indaguei.
- A sua blusa! Se você torcesse pra outro time
não tava com essa blusa!!!
Num golpe
de sorte, aproveitei o “gancho” e acho que consegui fazê-lo pensar:
- E quem "nasceu” primeiro: a cor ou o seu
time?
Após alguns segundos de caretas e reflexões, com
auxílio dos amigos, veio uma titubeante resposta:
- Ai, prô, foi a cor... ela já tava aqui antes!
- Que bom! Eu já estava começando a achar que
você pensava que toda árvore torcia para o Palmeiras e que toda noite escura
era corinthiana.
- Ih, prô, é mesmo, não é assim não...
- Então posso vestir a cor que eu gostar sem
precisar, necessariamente, torcer para o seu time. E você também pode.”
Depois deste episódio creio que comecei a entender um pouco mais sobre a
violência das torcidas naquela comunidade. Mesmo tão novo, o garoto já estava
habituado a olhar pelo viés da bandeira do seu time, sem considerar outros
gostos e opiniões; aliando isto à intolerância, preconceitos e falta de
diálogos... vêm os tiroteios.
Ademais, também comecei a considerar que em momentos de reivindicações e
protestos, é importante pensarmos a respeito dos acontecimentos, e assim
desenvolvermos nossa própria opinião enquanto indivíduo e cidadão de um país
democrático.
Voltei a pensar na Natureza, sua interdependência e desenvolvimento com
multiplicidades de cores, seres e saberes convivendo há milênios: ainda há muito o que aprender! E quanto
mais cedo começarmos o resgate da nossa consciência e conceitos, tanto melhor.
Para cada um de nós.