Recebi hoje este texto; considero muito pertinente ao momento coletivo que estamos vivendo.
Sintonia e sincronicidade com a depressão.
Existe uma diferença entre o
leigo e o autodidata, embora, esta diferença, não se expresse com clareza nas
definições legais.
Eu não tenho nenhum diploma
que me autorize a filosofar sobre um tema tão erudito.
Dito, o não dito, lá vou eu.
A minha vida me levou a
conviver com muitas pessoas, o que me estimulou a estudar pessoas. Li, li
muito. Experimentei mais do que li e, dentro deste plano de observação, somado
às minhas experiências pessoais, compreendi que a depressão é a capa que
esconde uma doença pior; a baixa, bem baixa, sumida, estima.
Quando a estima desaparece o
nosso primeiro movimento é eleger reis, autoridades e juízes. Este é o caminho
de quem não tem autoestima, é como se, “se alguém importante gosta de mim é
porque eu ainda tenho algum valor”.
Vamos abrindo mão da nossa
vida, opinião, preferências e auto orientação. Trocamos tudo para que pessoas
ilustres nos ensinem a “auto ajuda”, lemos livros que querem nos auto ajudar e
não percebemos a ironia, expomos as nossas idiossincrasias que passam a ser
medidas e rotuladas por estes juízes. Nesta trajetória, vamos tentando inventar
alguém que não somos.
A ausência de autoestima não
nos permite olhar para o espelho, em uma inversão narcísica nos tornamos o anti
narciso e tudo o que é espelho este neo-anti-narcisista acha feio.
Pronto! Colocamos o pé na
depressão e o peso do que não somos se transforma em toneladas, nossa segurança
racha, racha o chão. Todo território embaixo dos nossos pés esta rachado por
carregarmos tantos pesos que não nos pertencem e, ainda, de sobra, também
continuamos carregando o peso real escondido sob a capa da depressão até que o
falso superego, criado por nossos juízes, também perde a sua estima. Um
silêncio triste toma conta da nossa garganta e a capa da depressão esta cada
vez mais forte e robusta para esconder e cobrir tudo nosso que está ali dentro.
Esta é a nossa chance de cura.
Depressão é um território
rachado que nos favorece refletir todos os pesos que estamos carregando. Quando
temos a coragem de tirar estes pesos, ou seja, nos afastamos das pessoas que
nos desestabilizam; de falsos amores, dos ágios e pedágios de carinhos,
ternuras e promessas que estacionam na promessa e nunca se concretizam damos o
primeiro passo para sair da depressão.
Agora é preciso encarar o
espelho. O que há em mim que eu julgo que os outros não irão aprovar? Feita a
lista é hora da pílula amarga: assumir! Tá difícil? Assuma! Assuma você, caso
contrário vai sumir com você. Não suma, assuma! Pessoas vão se afastar? Vão
sim... Vão falar mal de você... Vão inverter... Vão distorcer verdades...
Principalmente, vão estranhar...
Não perca a medida, não se
transforme em arrogante, coloque-se dê limites aos outros e a si mesmo. É
primordial não se transformar em um peso para deprimir outros. A ideia aqui não
é vingança, não são rompantes desnecessários, se você for por aí a capa da
depressão voltará mais forte.
As vezes penso que a depressão
é “a principal protetora da sociedade” na qual uma parte desta sociedade
deprime e adoece, consta como número, como estatística que visa a padronização
humana. Se houvesse menos deprimidos esta “sociedade” que ai está, muito bem
casada, muito feliz nos álbuns de retratos fosse um número bem menor.
Não seja um número, seja você.
Conte com você, acredite que há espaços para as suas idiossincrasias, para as
suas escolhas pessoais, porque, a casa do Pai tem muitas moradas, infinitas
moradas e infinitas sociedades.
Esta é a opinião de uma
autodidata, ou de uma leiga, como o leitor preferir, sobre o erudito tema da
depressão.
Com carinho por todos que
tiveram força para se assumir, assumir o seu lado humano, assumir as suas
diferenças e que botaram o seu bloco na rua,
HALU GAMASHI